terça-feira, 3 de agosto de 2010

Urbana Legio Omnia Vincit

Uma das maiores bandas brasileiras, a Legião Urbana terminou em 1996 com a morte de Renato Russo, mas sua história continua sendo escrita com versos fortes

Por volta de uma hora da madrugada do dia 11 de outubro de 1996, o líder da banda de rock Legião Urbana, Renato Russo, faleceu devido a complicações decorrentes da Aids, em seu apartamento na rua Nascimento Silva, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A partir daquele momento, a notícia correu o Brasil, o mundo e deu início a uma lenda que circula até hoje entre os fãs da Legião Urbana: nos bastidores do Jornal Nacional, da Rede Globo, a então apresentadora Lilian Witte Fibe não estava convencida de que o JN deveria dedicar meio jornal para a morte do cantor. Poucos antes de entrar no ar, William Bonner, tenso, lançou mão de uma estratégia para convencer Witte Fibe da escolha editorial do jornal: recitou-lhe todos os 159 versos de Faroeste Caboclo, a maior e talvez a mais impactante música da banda da Legião. Deu certo. E se aos 15, João de Santo Cristo foi mandando ao reformatório onde aumentou seu ódio diante de tanto terror, em 1996 o Jornal Nacional mandou ao ar a completa homenagem ao líder da Legião Urbana e aumentou ainda mais o culto à banda. Mas esse fenômeno da historia da música brasileira começou muitos anos antes, naquela que foi chamada de a “década perdida”.

Talvez década perdida para a economia brasileira. Mas para a cultura e, mais especificamente, para a música brasileira, foi na década de 1980 que se ganhou muito. No início daqueles anos, um grupo de jovens que viviam em Brasília, em geral filhos de diplomatas, políticos ou ainda jornalistas, entediavam-se com freqüência. Entediavam-se com o marasmo da capital, com a repressão da ditadura militar, com a violência das “veraneios vascaínas”, como eram chamadas as viaturas policiais, com os pais e com a própria música brasileira.

Para esses jovens, quase todos iniciando os vinte anos, o modelo estava na Inglaterra, no movimento punk daquele país. Os rifs de guitarras e letras de bandas como Joy Division e Sex Pistols eram o exemplo a seguir. Foi nesse ambiente de revolta e insatisfação que cresceu o ainda Renato Manfredini Júnior, onde nasceram a Legião Urbana e tantas outras bandas que fundaram a geração hoje conhecida como “rock br 80”.

De Brasília, vieram bandas como a “Legião Urbana”, “Aborto Elétrico”, “Capital Inicial”, “Plebe Rude”, “Paralamas do Sucesso” dentre outras, que fizeram da década de 1980, a década do rock Brasil. Essas bandas trabalhavam com simplicidade, basicamente três acordes, como rezava a “lei do punk”. Mas isso foi o suficiente para levá-las ao estrelato.

Depois de estourar em Brasília, o caminho da Legião Urbana foi o Rio de Janeiro, como muitas outras. No Rio, a Legião Urbana, então formada por Renato Russo, Dado Villa Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha, ganhou o país com suas letras engajadas, com sua postura debochada, mas também com letras de amor, amizade e dor.

Nos quatorze anos de existência, entre 1982 e 1996, a Legião Urbana levou verdadeiras multidões a seus shows. Mas nada de casas noturnas. A Legião Urbana tocava em estádios de futebol completamente lotados. Para alguns, se tratava de uma experiência quase mística, de meditação. Isso refletiu, claro, no sucesso comercial da banda. Foram ao todo treze álbuns lançado, somando mais de vinte milhões de discos vendidos.

O enorme sucesso da Legião Urbana foi interrompido com a morte de Renato Russo aos 36 anos em 1996. Mas isso não significou o fim do lugar que a banda ocupava no cenário nacional. Hoje, passados quatorze anos desde a sua morte(e também do fim da banda), os álbuns da Legião continuam vendendo bem. A vida de Renato Russo já foi levada ao teatro, em peça que leva seu nome e na qual o líder da Legião é interpretado pelo ator Bruce Gomlevsky. Em breve, deve estrear um filme sobre a vida de Renato Russo, além de um filme baseado na letra de Faroeste Caboclo.

No meio editorial, são diversas as biografias, como a excelente “Renato Russo”, de Arthur Dapieve. Na academia, a banda também provoca interesse, com artigos, livros, monografias e outros projetos. Mostram que a banda que pregava “força sempre” continua fazendo jus ao seu lema principal. E, por mais que tenha seus detratores, desafetos, desconfiados, a Legião Urbana é bastante respeitada por todos, como um capítulo importante da música brasileira.

Para que você, leitor, possa lembrar um pouco da trajetória da Legião Urbana, de Renato Russo, o Café História traz alguns links interessantes. Confira:

A Morte de Renato Russo no Jornal Nacional

Parte I: http://cafehistoria.ning.com/video/jornal-nacional-especial

Parte II: http://cafehistoria.ning.com/video/jornal-nacional-especial-1


* O post é um recorte de um artigo do Café História, onde aqui também recordar e prestar homenagem ao Legião Urbana, em especial ao Renato Russo. Quem quiser conferir outros artigos do Café História é só acessar: http://cafehistoria.ning.com

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