segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Episódio da não tão velha infância

Antes de começar a descrever a incrível cena que este historiador teve a oportunidade de presenciar estes dias, gostaria de iniciar este artigo descrevendo o título, que consiste numa lembrança que tive da minha infância frente a uma cena bastante comum, ou ao menos era comum até uns tempos aqui atrás. Portanto, o título traz essa memória de uma infância que não está muito distante, tendo em vista que tal episódio ainda marcou várias infâncias pelos sertões do Nordeste.
A cena que presenciei mais parece uma evidenciada, esta no filme "Auto da Compadecida" em que o personagem Chicó, interpretado por Selton Mello encontra-se em um parque frente a Igreja da cidade de Taperoá, na Paraíba. O Estado é o mesmo, porém a cidade é diferente,;esta consta no meu roteiro de viagens a trabalho que faço rotineiramente. O local - a cidade de Sousa; o palco - a praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios; um parque.
O momento me evidenciou contextos em que vivi enquanto criança, situações das quais não irei esquecer por me ter marcado muito... Na cena via-se a Igreja Matriz - ao fundo - arrodiada do parque que entoava cantigas atuais, mas que me relembraram aqueles toques do carrosel a qual adorava escutar quando criança... Via-se a população - não muita, diga-se de passagem - aproveitando o momento... O que antigamente servia de palco para os namoricos, hoje se torna local de saudade dos velhos beijos enamorados da juventude da época que deu lugar a infância que frutificara daquele romance às antigas.
Mas voltando-me ao contexto, recordo e comento com um de meus alunos aquele momento de minha infância que, após a missa das sete horas - geralmente aquelas da semana da Santa padroeira da cidade - andava e aperriava minha mãe para brincar naqueles brinquedos.
Vi, saudoso esta imagem e confrontei com a realidade que bate a porta de quaisquer cidadão. Em horário ocioso decidi andar por aquele lugar no intento de resgatar, enquanto historiador, lembranças de velhos parques, de velhos brinquedos, de jovens pessoas, de recordações imensas. Feito andarilho do passado percorri pedaço daquele lugar entrevistando-me acerca de meu passado e ali coletando dados para que pudesse escrever este humilde texto. A conclusão desta entrevista é que além de saudades, percebo que o mundo mudara e as pessoas também. Em outras palavras, aqueles momentos que antecediam o término da missa e aproximava-se da tão divertida noite no parque está ficando, a cada dia, no passado, chegando, a cada vez mais, na obscuridade da memória, até então lembrada com saudosidade.
De modo que, aquela cena trouxera para mim recordações que, por certo, ficariam ali no ítimo até o momento de outro parque. O fato é que, era tradição, principalmente em festas religiosas, os donos de parques invadirem a cidade e tomarem as ruas cricunvizinhas à Igreja para fornecer diversão aquelas crianças que saíam da missa sem entender nada do que o padre dissera e que contava as horas para o término., ao mesmo tempo que os namorados reservavam momentos preciosos para trocar versos de amor e declarações singelas.
Já fui assim... Aliás... Fomos assim.... Evoluímos, amadurecemos, contudo, nossa infância nos recorda com bons momentos vividos em situações tavez até inusitadas no presente.
Talvez outras infâncias ali foram recordadas, assim como juventudes enamoradas; mas deixemos aqui o espaço da lembrança que marca momentos, sejam eles bons ou não, mas que um dia são recordados em tom saudoso e arrancam o suspiro que mais parece dizer: "ai como queria voltar o tempo em que era feliz e não sabia" e dizer, em tom estranho: "antes pensava em crescer e ficar adulto, agora, crescido, quero voltar ao tempo em que preocupação era uma simples palavra no dicionário de gente grande".
Recordemos o passado e a ele dediquemos uma canção... Relembremos os parques de nossa vida e a eles ofertemos saudosas lembranças... das que não voltam, mas também não se apagam.
Ah! Velhos parques! Ah!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Urbana Legio Omnia Vincit

Uma das maiores bandas brasileiras, a Legião Urbana terminou em 1996 com a morte de Renato Russo, mas sua história continua sendo escrita com versos fortes

Por volta de uma hora da madrugada do dia 11 de outubro de 1996, o líder da banda de rock Legião Urbana, Renato Russo, faleceu devido a complicações decorrentes da Aids, em seu apartamento na rua Nascimento Silva, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A partir daquele momento, a notícia correu o Brasil, o mundo e deu início a uma lenda que circula até hoje entre os fãs da Legião Urbana: nos bastidores do Jornal Nacional, da Rede Globo, a então apresentadora Lilian Witte Fibe não estava convencida de que o JN deveria dedicar meio jornal para a morte do cantor. Poucos antes de entrar no ar, William Bonner, tenso, lançou mão de uma estratégia para convencer Witte Fibe da escolha editorial do jornal: recitou-lhe todos os 159 versos de Faroeste Caboclo, a maior e talvez a mais impactante música da banda da Legião. Deu certo. E se aos 15, João de Santo Cristo foi mandando ao reformatório onde aumentou seu ódio diante de tanto terror, em 1996 o Jornal Nacional mandou ao ar a completa homenagem ao líder da Legião Urbana e aumentou ainda mais o culto à banda. Mas esse fenômeno da historia da música brasileira começou muitos anos antes, naquela que foi chamada de a “década perdida”.

Talvez década perdida para a economia brasileira. Mas para a cultura e, mais especificamente, para a música brasileira, foi na década de 1980 que se ganhou muito. No início daqueles anos, um grupo de jovens que viviam em Brasília, em geral filhos de diplomatas, políticos ou ainda jornalistas, entediavam-se com freqüência. Entediavam-se com o marasmo da capital, com a repressão da ditadura militar, com a violência das “veraneios vascaínas”, como eram chamadas as viaturas policiais, com os pais e com a própria música brasileira.

Para esses jovens, quase todos iniciando os vinte anos, o modelo estava na Inglaterra, no movimento punk daquele país. Os rifs de guitarras e letras de bandas como Joy Division e Sex Pistols eram o exemplo a seguir. Foi nesse ambiente de revolta e insatisfação que cresceu o ainda Renato Manfredini Júnior, onde nasceram a Legião Urbana e tantas outras bandas que fundaram a geração hoje conhecida como “rock br 80”.

De Brasília, vieram bandas como a “Legião Urbana”, “Aborto Elétrico”, “Capital Inicial”, “Plebe Rude”, “Paralamas do Sucesso” dentre outras, que fizeram da década de 1980, a década do rock Brasil. Essas bandas trabalhavam com simplicidade, basicamente três acordes, como rezava a “lei do punk”. Mas isso foi o suficiente para levá-las ao estrelato.

Depois de estourar em Brasília, o caminho da Legião Urbana foi o Rio de Janeiro, como muitas outras. No Rio, a Legião Urbana, então formada por Renato Russo, Dado Villa Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha, ganhou o país com suas letras engajadas, com sua postura debochada, mas também com letras de amor, amizade e dor.

Nos quatorze anos de existência, entre 1982 e 1996, a Legião Urbana levou verdadeiras multidões a seus shows. Mas nada de casas noturnas. A Legião Urbana tocava em estádios de futebol completamente lotados. Para alguns, se tratava de uma experiência quase mística, de meditação. Isso refletiu, claro, no sucesso comercial da banda. Foram ao todo treze álbuns lançado, somando mais de vinte milhões de discos vendidos.

O enorme sucesso da Legião Urbana foi interrompido com a morte de Renato Russo aos 36 anos em 1996. Mas isso não significou o fim do lugar que a banda ocupava no cenário nacional. Hoje, passados quatorze anos desde a sua morte(e também do fim da banda), os álbuns da Legião continuam vendendo bem. A vida de Renato Russo já foi levada ao teatro, em peça que leva seu nome e na qual o líder da Legião é interpretado pelo ator Bruce Gomlevsky. Em breve, deve estrear um filme sobre a vida de Renato Russo, além de um filme baseado na letra de Faroeste Caboclo.

No meio editorial, são diversas as biografias, como a excelente “Renato Russo”, de Arthur Dapieve. Na academia, a banda também provoca interesse, com artigos, livros, monografias e outros projetos. Mostram que a banda que pregava “força sempre” continua fazendo jus ao seu lema principal. E, por mais que tenha seus detratores, desafetos, desconfiados, a Legião Urbana é bastante respeitada por todos, como um capítulo importante da música brasileira.

Para que você, leitor, possa lembrar um pouco da trajetória da Legião Urbana, de Renato Russo, o Café História traz alguns links interessantes. Confira:

A Morte de Renato Russo no Jornal Nacional

Parte I: http://cafehistoria.ning.com/video/jornal-nacional-especial

Parte II: http://cafehistoria.ning.com/video/jornal-nacional-especial-1


* O post é um recorte de um artigo do Café História, onde aqui também recordar e prestar homenagem ao Legião Urbana, em especial ao Renato Russo. Quem quiser conferir outros artigos do Café História é só acessar: http://cafehistoria.ning.com
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